domingo, 25 de novembro de 2007

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Tom Jobim: música popular do país se torna internacional
A história é conhecida. O garçom do bar Veloso, em Ipanema, chega esbaforido até a mesa e avisa: tem um gringo no telefone. Alguns dias depois, Tom Jobim está nos Estados Unidos, longe do chope com os amigos e das praias do Rio de Janeiro, gravando com aquele que é considerado o maior cantor do planeta, fã inconteste do talento do brasileiro.Quando Frank Sinatra, já no estúdio, elogiava entusiasmado a bela e sutil melodia de , naquele ano de 1967, estava reverenciando um mestre. Tom Jobim foi um dos maiores criadores de canções que o Brasil já teve e por essa razão Sinatra convidou-o para gravarem juntos.A qualidade do compositor de (com Newton Mendonça) foi imediatamente reconhecida nos Estados Unidos, desde o surgimento da bossa nova, em 1958.Reconhecimento gradativoNo Brasil, o reconhecimento foi lento e gradativo, passando por vários percalços, que iam da simples ignorância e preconceito de críticos e jornalistas, a acusações de plagiário e deturpador da música brasileira mais "autêntica", o samba. "Carrego nas costas a cangalha de fazer música brasileira e ficam me acusando de querer ser estrangeiro", reclamou na época Tom Jobim.Se é tema da novela das oito ("Páginas da Vida"), isso mostra que a obra do maestro tem hoje uma projeção nacional que nunca teve antes. Antonio Carlos Jobim morreu em 8 de dezembro de 1994. Completaria 80 anos em 25 de janeiro de 2007.Nesses 12 anos, desde sua morte, são incontáveis as gravações, homenagens, shows, programas especiais de rádio e TV e concertos que aconteceram para celebrar o autor de (com Vinicius de Moraes).A música de Tom Jobim não é fácil. Os elementos que a constituem, melodia, harmonia e ritmo, são sempre elaborados, mas nunca cerebrais. A melodia da canção parece estar sempre bem aconchegada nos acordes dissonantes e nas sutilezas rítmicas que o maestro construiu, alimentado por influências tão díspares como os franceses Chopin e Debussy, jazzistas americanos e, principalmente, nomes fundamentais da música brasileira como Villa-Lobos, Pixinguinha, Ary Barroso, Garoto, Radamés Gnatalli, Dorival Caymmi.Cozinha brasileiraEm suas muitas viagens aos Estados Unidos, Tom gravou vários discos. Apesar de trabalhar com músicos americanos e arranjadores famosos, como Nelson Riddle e Claus Ogerman, ele fazia questão de contar com uma "cozinha" brasileira, que é a seção rítmica. O baterista, principalmente, devia ser brasileiro.Os músicos brasileiros sempre foram prestigiados pelo mestre: "Que assombro ver um país musical como o nosso, mas onde os músicos não conseguem viver dignamente", ele dizia, referindo-se, evidentemente, a questões financeiras.As inovações da música de Tom Jobim não se limitavam ao acompanhamento, harmonização e ritmo. Tom compunha com sofisticação e despojamento. Com genial simplicidade, construída a partir de minúcias e detalhes. Como em (com Chico Buarque) e , além de dezenas de outras obras-primas, que incluem peças eruditas e trilhas para filmes.Os americanos não foram atraídos por nenhum exotismo, como aconteceu com Carmen Miranda. Eles ficaram encantados com aquela nova música, moderna, inspirada, bem construída. Brasileira, que se espalhou e influenciou o mundo inteiro.

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