terça-feira, 27 de novembro de 2007

Currículo e a aprendizagem para todos

É no saber ensinado que se joga o verdadeiro destino das pedagogias 2.
Que se diz e que se oculta aos alunos?
Como lhes apresentam o mundo em que vivemos?
Para que ações os conduzem as palavras, os silêncios, as atitudes implícitas e explícitas do mestre?
Que ajuda recebem para ultrapassar as mistificações interessadas, nas quais tantas forças contribuem para os manter?
Quem quiser renovar a pedagogia, terá que se lançar à renovação dos conteúdos, a despeito de todos os problemas culturais e sociais que, então, hão de produzir-se.
1. O ser humano e a aprendizagem
Ao tomarmos contato com o mundo cultural, quando nascemos, ou antes mesmo, na vida intra-uterina, desencadeamos um processo de conhecer permanente, assim, enquanto existirmos, mantemos esse processo constante, incessante, perene de conhecer.
Observando os primeiros momentos da vida extra-uterina, percebendo os bebês, podemos verificar os primeiros contatos com objetos da cultura, os brinquedos pendurados acima do berço, os chocalhos, as colheres da papinha e também os primeiros contatos com formas de expressão humanas: gestos, palavras.
Conhecer revela-se um processo de construção de significados sobre coisas ou expressões. Quantas vezes, antes de aprender a utilizar a colher, o bebê começa a batê-la sobre a bancada, atira-a no chão? E inúmeras vezes a mãe a recolhe e demonstra para a criança sua utilização correta: levar a comida do prato até a boca.
Para que a criança (bebê ainda) aprenda a utilizar a colher, é necessário que alguém demonstre para a criança, tantas vezes quantas forem necessárias, o que ela deve fazer com a colher.
Da mesma forma, a mãe oferece o chocalho ao bebê, tantas vezes quantas forem necessárias, para que o bebê atribua o significado de brinquedo ao objeto, reproduzindo uma ,construção de sentido da criança sobre o mesmo, semelhante àquele que a cultura atribuiu a esse objeto.
Percebemos que a construção de significados tem estas características:
u construímos significados a partir da interação com o outro – alguém nos mostra o que se faz com uma colher, um chocalho, um bico, bem como o que significa apontar (possibilidade de alcançar algo desejado), chorar (possibilidade de ser atendido em uma necessidade), gritar (possibilidade de receber atenção);
u os significados que construímos sobre objetos, expressões, situações, são frutos de construções humanas anteriores;
u essas construções são apropriadas através da interação com os outros e com o mundo;
u essa construção necessita de atividades, através das quais acontecem as apropriações de significados sobre as coisas.
Portanto, construímos significados que são histórico-culturais, pois que são frutos da história de uma construção coletiva, frente a necessidades constatadas, e que também são frutos da interação com o outro. Vygotsky nos indica isto: nosso pensamento se forma a partir das relações interpessoais.
A formação do pensamento acontece a partir das transformações individuais que o sujeito constrói sobre os elementos da cultura, nisto se constitui nosso processo de desenvolvimento humano: sínteses que vamos construindo ao longo da nossa existência sobre as formas de comportamento e instrumentos que a cultura nos fornece.
A construção do conhecimento acontece neste processo: construímos conhecimento mediante situações-problema que se fazem presentes, buscando alcançar desejos.

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