segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Formação de leitores.


Não há dúvida de que a leitura é um caminho muito importante para ainformação e, principalmente, para a formação do educando. Cabe aqui uma pergunta:Todo aluno gosta de ler? A resposta mais provável deve ser não. Então, como despertar noaluno o gosto pela leitura? Nem sempre essa é uma das tarefas mais fáceis. Ela apresentadificuldades e propõe muitos desafios, os quais exigem dos adultos, pais e educadores, nãoapenas boa vontade, mas também esforço e dedicação constantes. Como se vê, não bastaapenas querer, é preciso perceber e distinguir os vários obstáculos com que se defrontam, ebuscar mecanismos que possibilitem ultrapassá-los. Tentar superá-los é a meta prioritáriapara qualquer um que queira enfrentar essa barreira e, com isso, ajudar a mudar o rumo dahistória de cada educando, fazendo-o entender que quem lê transcende o tempo e sepermite uma viagem de prazer indescritível, visto que a leitura é uma experiência pessoal,ímpar.Para que essa tarefa possa ser executada, urge que se tenha em mente o quedisse um professor francês, a capacidade de “ficar na janela olhando as pessoas passarem epassar, ao mesmo tempo, junto com elas”.Segundo Marisa Lajolo ( 1993),“Ninguém nasce sabendo ler: aprende-se a ler à medida em que sevive. Se ler livros geralmente se aprende nos bancos da escola, outrasleituras se aprendem por aí, na chamada escola da vida”. (Lajolo, 93)ഊA formação do aluno leitorDaí se conclui que, além de despertar no aluno o gosto pela leitura, é precisoantes de mais nada despertar nele a sensibilidade, a capacidade de se situar frente ao textolido num“processo que envolva uma compreensão crítica do ato de ler que nãoesgota na decodificação pura da palavra escrita, mas que se antecipa e sealonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura dapalavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir dacontinuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendemdinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leituracrítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto”. (PauloFreire, 1981)Segundo Paulo Freire, é bom salientar que a leitura do mundo particular doleitor é de fundamental importância para despertar-lhe o interesse pela leitura da palavra.Ademais, a aprendizagem da leitura deve ser um ato de educaçãofundamentalmente ético e político. A leitura de hoje em dia deve levar em conta a históriadas pessoas e das sociedades: seus hábitos, costumes, modos de viver e de pensar. Devecolocar o homem como agente da história e não como mero sujeito dela, onde algunspoucos são enaltecidos por quaisquer fatos que os destacam no meio social, político,econômico, militar ou religioso.Cabe, principalmente aos educadores proporcionar aos educandosoportunidades para observar e analisar o contexto no qual estão inseridos e, mais do queisso, oferecer-lhes condições para que tenham vontade política para propor alternativaspertinentes que visem à melhoria da qualidade de vida da sua coletividade. Agindo assim,os “indivíduos” deixarão de ser apenas um número a mais nas pesquisas e estatísticas paraserem cidadãos capazes de respeitar direitos, cumprir deveres, reivindicar melhorias,preservar e difundir cultura, enfim, construir a História.A educação deve ter como prioridade formar o cidadão e, para isso, precisaestar afinada com as novas tendências manifestadas na sociedade e estas indicam anecessidade de “uma formação geral sólida, a capacidade de manejar conceitos, odesenvolvimento do pensamento abstrato”. (Saviani, 1994:103) e de uma aprendizagemഊA formação do aluno leitorcontínua através de processos de formação. Assim, a escola precisa formar o leitor quequestiona, que esteja conectado com o mundo e disposto a ler muito e sempre.A formação desse leitor depende da adoção de novas metodologias e denovos materiais favoráveis na sala de aula, o que significa descartar certas práticasantiquadas que têm revelado resultados poucos satisfatórios. Essas questões apontam paraa necessidade de formação continuada também para o professor que, doravante, deve serum “eterno aprendiz”, consciente de que as palavras de ordem do momento são:aprendizagem permanente.Mas como formar o aluno incutindo-lhe o espírito crítico, transformando-onum cidadão participativo e atuante numa sociedade que está totalmente voltada para atecnologia? Será possível promover o entrosamento perfeito da modernidade com osantigos valores que sempre regeram a mente humana? A resposta mais conveniente apontaque isso, além de ser possível, é necessário. A tecnologia não é nenhum bicho-papão. Ostempos mudaram e é preciso se adaptar às novidades e delas tirar proveito. Nada avançoutanto no mundo como as “comunicações” e esse processo não vai regredir. É bem verdadeque a força da mídia é inquestionável, todavia isso não quer dizer que todos precisam serender aos seus apelos. Deve-se ter em mente que a capacidade educativa é atribuição eresponsabilidade das famílias e da escola. Teremos de lidar com o século XXI, carregandoproblemas muito antigos que tiveram suas raízes nos primórdios da História do Brasil e porque não dizer, nos primórdios da História das Civilizações? Segundo afirma UmbertoEco: “Toda modificação dos instrumentos culturais, na história da humanidade, seapresenta como uma profunda colocação em CRISE do mundo cultural precedente”.Com o aparecimento da fotografia, temeu-se pela pintura; acreditavam que ocinema seria extinto quando surgiu a televisão. Falou-se da “morte do livro” com oadvento dos textos eletrônicos. Por último, aparece o computador e a TV que redefiniramas características que marcaram o século XX. Como se não bastasse, surgiu a Internet que,embora ainda atinja um número reduzido de pessoas, cresce assustadoramente a cada dia.Com a introdução da informática, do computador e da Internet na sala deaula, obviamente que o professor precisa se policiar e tentar sair da mesmice que por muitotempo vem regendo nossas escolas.“É certo que a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia nofalar/ditar do mestre, na manuscrita do aluno e, há quatro séculos, em umഊA formação do aluno leitoruso moderado da impressão. Uma verdadeira integração da informática(como do audiovisual) supõe, portanto, o abandono de um hábitoantropológico mais que milenar, o que não pode ser feito em alguns anos”.(Levy,l993)Conforme propõe o autor, não resta a menor dúvida de que a informática, ocomputador e, sobretudo a Internet, alteraram e alteram totalmente o nosso fazerpedagógico. Não obstante, não há mais como negar a necessidade da utilização dessesmeios em nossas vidas.Como tudo o que é novo, a Internet chegou, aguçou a curiosidade de todos,causou impacto, provocou elogios e foi (é) alvo de especulações dos mais céticos.1.2 Estabelecimento do ProblemaComo resgatar o prazer da prática da leitura como uma prática crítica ereflexiva?Os alunos de hoje, por vários motivos, não têm contato sistemático com aleitura de qualidade e com adultos leitores. A escola torna-se então o único veículo deinteração desses alunos com textos, cabendo a ela oferecer leituras de bom nível,diversidade de textos, modelos de leitores e práticas de leituras eficazes e,conseqüentemente, formar leitores competentes.Um leitor competente é aquele que, por iniciativa própria, seleciona, deacordo com as suas necessidades e interesses, o que ler entre os vários tipos de textos quecirculam socialmente.Para que isto se efetue, a escola deve promover uma prática constante deleitura organizada em torno de uma diversidade de textos. O ideal é que o professor sejaum bom leitor e que esteja sempre atualizado em relação a novas publicações e crie comseus alunos uma interação capaz de estimulá -los a falar sobre o assunto. Cabe também aoprofessor proporcionar-lhes um convívio estimulante com a leitura, assim como permitirque ela cumpra o seu papel, ou seja, o de ampliar, pela leitura da palavra, a leitura domundo.“Literatura é um jeito de se ler a vida. Ler no sentido de interpretar,observar, descobrir, e refletir. Nela a vida pulsa”. (Kupstas & Campos,1992)

A formação do aluno leitor

O papel do educador é desbravar caminhos, é estimular e administrar acuriosidade, tanto a própria, como a curiosidade de seus alunos. É mister que haja perfeitainteração entre aluno e professor porque, na era da informação somos todos “aprendizes dofuturo”, aprendizes permanentes na busca de um mundo melhor e na busca da própriafelicidade.Nesse mundo de transição no qual estamos vivendo, tudo está mudandomuito depressa. Tudo está sendo reavaliado. Pouco, muito pouco deve ficar como semprefoi. Urge buscar uma nova prática pedagógica que atenda a contento o novo aluno querecebemos a cada ano. É nosso dever prepará-lo bem para a vida e conscientizá-lo dasnovas e rápidas mudanças. Só o fato de querer mudar com elas já pode ser um bomcomeço.

A leitura é, sem dúvida, um campo de pesquisa que tem muito a serexplorado”.Sendo assim, formar o aluno leitor será um processo longo que exigirá dopesquisador um acompanhamento paulatino de um grupo de alunos que serão escolhidosde forma aleatória.A princípio, será necessário um teste de sondagem e os alunos, através dedepoimentos pessoais, entrevistas, questionários (e formulários) deverão mostrar suasexperiências com a leitura.Tal procedimento também será aplicado a um grupo de professores que,voluntariamente, quiserem colaborar com a pesquisa.Para análise dos casos, poderão ser seguidos alguns passos que direcionarãoo trabalho e garantirão, sem dúvida, a formação do aluno leitor competente que é oprincipal objetivo desse trabalho (ou dessa dissertação).Dentre outros, tais passos poderão ser:1) Sugestão de leituras considerando alguns fatores como: sexo, idade, nívelsocioeconômico, desenvolvimento psicológico, grau de escolaridade.ഊA formação do aluno leitor172) Envolvimento da maioria dos professores da escola num projeto de leituraextraclasse, o qual, além de incentivar a leitura, diminuir gastos com a aquisiçãode livros, facilitar a interação e a interdisciplinaridade , possibilitará também ocrescimento pessoal e profissional.Após esta primeira fase que é a pesquisa de campo propriamente dita, a qualrequer paciência e, sobretudo, persistência, será feita a tabulação e apresentação dos dadoscoletados.Em seguida, será feita uma análise para interpretar os dados apresentados nafase anterior e, por último, os resultados desta experiência serão relatados no presentetrabalho, bem como as principais conclusões e algumas sugestões de aperfeiçoamento.

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