sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A importância da existência de centros culturais no Rio de Janeiro


O Rio de Janeiro não é feito só de praia e carnaval. O morador ou o turista, no Rio de Janeiro, tem múltiplas opções de lazer e os centros culturais são das mais significativas da nossa cidade.Os centros culturais, quase sempre localizados em prédios de grande importância histórica da cidade, são focos de atração interna e externa . Interna, porque nas suas dependências é contada uma parte da historia do Brasil; e externa, pela representação arquitetônica de uma época.

A política de proteção de espaços e bens numa cidade


A política de proteção é fundamental para uma cidade, para um país que pretende preservar sua identidade cultural.
Prédios diferentes, épocas e estilos marcam a ocupação, o tipo de moradia, enfim: a vida da cidade.
Muitos exemplares importantes da arquitetura e da históriada cidade do Rio de janeiro hoje se transformaram em Centros Culturais como:
A Casa França-Brasil




e o Paço Imperial ,



o Centro Cultural do Banco do Brasil e outros.

Corredor Cultural

O Corredor Cultural é um projeto da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, que se desenvolve desde 1979 e está sob responsabilidade da Fundação Rio Arte, da Secretaria Municipal de Cultura.O Corredor Cultural pretende preservar e revitalizar o Centro da Cidade, procurando desenvolver parte de seu antigo esplandor.A área do corredor alcança mais de um milhão de metros quadrados, uma supercifie semelhante à do Aterro do Flamengo. Os limites da área abrangida pelo corredor cultural foram fixados através do Decreto Municipal no 4141 de 14 de julho de 1983.

Núcleo Curricular Básico

O Núcleo Curricular Básico Multieducação, ao enfocar a relação entre a Escola Pública de 1o grau e a Vida Cidadã, considerando o compromisso com uma educação que atenda aos direitos do aluno de aprender com êxito e dos professores de ensinar com sucesso, oferece uma característica singular, a de poder ser adaptado à multiplicidade de situações que as escolas apresentam, mantendo a integridade de um político educacional para as escolas do 1o grau.Esta política educacional baseia-se na reflexão sobre as responsabilidades de autoridades educacionais em vários âmbitos (federal, estadual e municipal), passando pelos Cursos de Formação de Professores e licenciaturas.Estas responsabilidades supõem uma análise constante sobre o que se produz em pesquisa devendo servir para danificar questões a respeito de como se constituem conhecimentos e valores por crianças e jovens do 1o grau.O Núcleo Curricular Básico Multieducação é uma síntese em que se articulam Princípios Educativos e Núcleos Conceituais, organizando-se as atividades de planejamento, desenvolvimento e avaliação do trabalho escolar.Assim pensando, o Núcleo Curricular Básico Multieducação procura explicar as relações de homens e mulheres com o meio ambiente transformado pelo Trabalho e Cultura, expressas através de múltiplas linguagens.Estas relações propostas pela ação educativa nas escolas compõem princípios que educam e orientam o ensino integrado das diversas disciplinas.O Núcleo Curricular Básico delineado no currículo Multieducação da Secretaria Municipal de Educação não se propõe a trabalhar com conteúdos mínimos.Há 20 anos atrás era esta a concepção curricular. Demarcavam-se conteúdos mínimos a serem atingidos pelos alunos em cada série.O Núcleo Curricular Básico propõe conteúdos básicos, isto é, uma base comum de conhecimentos fundamentais para todos mas não se atendo a conteúdos mínimos. Não há limite para a construção de conhecimentos em cada nível de ensino.

Currículo único

A discussão sobre o currículo único tem sido impulsionada a partir do estabelecimento pelo MEC de Parametros Curriculares Nacionais. Tais parâmetros não podem ser, no entanto, entendidos como um currículo unificado para todo o país. Eles fornecerão uma base curricular comum sobre a qual estados e municípios organizarão suas próprias propostas curriculares.Na realidade, uma base curricular comum tem como finalidade garantir a todos os alunos o acesso aos mesmos conhecimentos, porém, caberá a cada equipe de professores contextualizar seu trabalho, conciliando a diversidade sem perder o sentido de unidade.Os especialistas muitas vezes supõem que todos os alunos devam aprender os mesmos conteúdos da mesma forma. Sem dúvida, todos devem ter acesso aos mesmos conhecimentos só que o modo de contextualizar diferentes temas tem que estar necessariamente ligado à vida e às experiências dos alunos e de sua comunidade.O tema Meio Ambiente, por exemplo, será trabalhado de forma diferente em contextos diferenciados de escolas.A qualidade do ensino e o aprofundamento do tema merecerão as mesmas reflexões, porém, seu tratamento será contextualizado face às questões locais, às histórias de vida dos alunos e da comunidade escolar.O que deve servir como ponto de união em um currículo são seus objetivos maiores. Em currículo voltado para a busca de uma sociedade mais justa e democrática procura possibilitar a constituição de cidadãos autônomos e solidários que convivam em harmonia.

Educação e cultura

A educação e a cultura devem caminhar juntas cabendo à escola organizar os saberes entrecruzando-os com o cabedal cultural dos alunos. Os saberes que os alunos levam para a escola devem ser respeitados.Muitos destes saberes fazem parte do imaginário dos alunos e a escola deve saber lidar com isto realizando um trabalho prazeroso porque relacionado ao próprio imaginário dos alunos.Ao respeitar a cultura dos alunos, a escola deve evitar estigmatizá-la ou mantê-la isolada numa espécie de gueto. Todos os alunos devem ter oportunidade de serem expostos a outras manifestações culturais e artísticas. A cultura é plural e se vivemos numa sociedade plural, a educação deve reconhecer a diversidade.Quando se trabalha com a cultura do aluno já se tem uma nova concepção do saber escolar.

Currículo multicultural

Toda educação supõe sempre uma seleção de aspectos da cultura a serem reconstruídos com as novas gerações.Como não há um tecido cultural uniforme e imutável, a educação deve refletir a cultura e sua capacidade de transformar a vida para melhor. Repensar e planejar a sociedade democrática é o fundamento de um currículo educacional.Em uma sociedade democrática deve-se respeitar e aceitar a diversidade étnica, lingüística, cultural, social e de gênero.Trabalhar com a diversidade não significa, no entanto, atender a aspectos específicos de uma cultura sem tentar ampliar os conhecimentos de seus membros.Um currículo multicultural aceita a pluralidade cultural, respeita as diferenças, porém avança buscando a unidade na diversidade.Sendo assim, um currículo multicultural não pretende apagar os modos de ser, viver, falar de seus alunos, porém, a partir das características próprias dos diferentes grupos, busca levá-los a conhecer e vivenciar o que é considerado patrimônio cultural comum da humanidade.

O currículo nas visões de educação reprodutora e transformadora

Durante muito tempo a organização curricular foi concebida como uma ação voltada para modelar as consciências dos alunos. A educação, através da ação curricular servia como modo de reprodução das estruturas, normas e valores da sociedade.A educação reprodutora servia para reproduzir na escola a distribuição injusta de bens e serviços na sociedade.A educação transformadora tem outra finalidade. Através da discussão de assuntos relevantes para a vida em sociedade procura-se transmitir aos alunos conhecimentos que lhes permitam conhecer, criticar e transformar a realidade em que vivem.Os conteúdos já não são ensinados de forma isolada e a - histórica, são contextualizados permitindo a constituição de cidadãos solidários e autônomos.Num currículo voltado para a transformação há espaço para a diversidade étnica, cultural, de gênero, incluindo-se ainda as experiências dos professores e alunos que lhe dão vida.

Características e mudanças nos currículos ao final do Século XX

A partir de vários movimentos sociais no final do Século XIX e início do Século XX que redundaram na abolição da escravatura, no reconhecimento da igualdade entre homens e mulheres, nos direitos e deveres dos trabalhadores e na definição da importância e dos cuidados que crianças e jovens devem receber da sociedade, os currículos para a educação de 1° grau passaram a apresentar características diferentes. A diversidade passou a ocupar um lugar importante na organização curricular.Desta forma, a partir de uma nova visão de currículo que entendia a diversidade como existente e natural, passou-se a respeitar e aceitar os diferentes modos de ser e conhecer dos alunos.Procura-se, agora, recuperar a história de diferentes etnias e padrões culturais, buscando-se levar os alunos à unidade de conhecimentos respeitando-se as diferenças existentes entre indivíduos e grupos.Por outro lado tem havido um esforço de flexibilidade nas áreas curriculares em busca da integração dos conteúdos em unidades de ensino.

A organização dos currículos educacionais até o início do Século XX

Até o início do Século XX, os currículos trabalhavam conhecimentos e valores com significados alheios à vida dos alunos. A vida não entrava na escola. Em busca de uma padronização de conhecimentos e da inculcação de determinadas ideologias, ignorava-se a diversidade e a singularidade de alunos e de seus processos de conhecer.As diferenças étnicas, culturais, lingüísticas e de gênero dos alunos eram desprezadas. Os currículos lidavam com um aluno ideal, padrão, de classe média.

A palavra curriculum e a expressão currículo oculto

A palavra curriculum, de origem latina, significa o curso, a rota, o caminho da vida ou das atividades de uma pessoa ou grupo de pessoas. Curriculum, termo empregado em educação, significa a organização de atividades que serão realizadas pelo professor e seu grupo de alunos.
O currículo educacional, representa a síntese de conhecimento e valores que caracterizam um processo social expresso pelo trabalho pedagógico no espaço concreto da sala de aula, sob a orientação de um professor.O currículo significa aquilo que os estudantes têm oportunidade de aprender através do que é formalmente ensinado e do que, mesmo não sendo explicitado, está latente em algumas práticas pedagógicas bem como em textos, gravuras dos livros didáticos e imagens de vídeos e filmes. A este conjunto, de práticas pedagógicas não explicitadas, chamamos de currículo oculto.

Cultura e identidade num mundo cada vez mais sem fronteiras

A Globalização, através dos meios de comunicação ,está diminuindo as distâncias entre povos; isto é um fato positivo. Mas, ao mesmo tempo está criando outro fato que pode se tornar perigoso: a perda da identidade cultural dos povos e a massificação dos hábitos e costumes. A mídia nos massacra diariamente com propagandas em que destacam as vantagens de uso desse ou daquele produto; incorporou-se ao vocabulário das pessoas palavras de uso internacional; os hábitos alimentares e de vestuário, uniformizam a juventude e mesmo o adultos no mundo inteiro (o uso do jeans, o fast-food),o culto ao corpo, o mesmo tipo de filmes (cinema e televisão ), a violência interna nos países (atentados, guerrilhas, etc),hoje fazem parte do dia-a dia das pessoas, que aos poucos vão esquecendo sua identidade, o passado histórico de cada povo, na tentativa de unificação num mundo que corre acelerado, para que? O Brasil também está entrando nesse processo. Os nossos jovens se sentem atraídos pela cultura, hábitos e costumes estrangeiros em detrimento de nossa própria identidade. Um povo como o nosso ,com tradições e heranças culturais tão ricas, que construiu sua identidade de forma única e que ocupa um lugar tão importante na América Latina, não pode esquecer suas raízes. Cabe à escola resgatar e reviver toda uma tradição cultural, sem com isso deixar de incorporar ,é claro, as novas tecnologias visando-o desenvolvimento que nos coloque em pé de igualdade com outros países que também estão crescendo. Mas não podemos apagar de nossa memória, as nossas origens. O brasileiro precisa ter orgulho de ser brasileiro, não apenas quando merecemos destaque por feitos esportivos, mas ter orgulho sempre.

Globalização Veja alguns depoimentos de economistas ilustres:

"A Globalização é a revolução do fim do século. Com ela a conjuntura social e política das nações passa a ser desimportante na definição de investimentos. O indivíduo torna-se uma peça na engrenagem da corporação. Os países precisam-se ajustar para permanecer competitivos numa economia global e aí não podem ter mais impostos, mais encargos ou mais inflação que os outros " Antônio Delfim Netto-(Veja-3/4/96)
"A Globalização é tão velha como Matusalém. O Brasil é produto do capitalismo europeu do final do século XV. O que está havendo agora é uma aceleração. Isso pode ser destrutivo para o Brasil, se o país não administrar sua participação no processo. A globalização é boa para as classes mais favorecidas. As menos favorecidas ficam sujeitas a perder o emprego."
Paulo N.Batista Júnior-(Veja-3/4/96)
Quando se fala em globalização, tende-se a destacar os aspectos da produção de riquezas e de consumo. Isso é apenas o primeiro resultado da mudança. Os processo anteriores de aceleração econômica sempre provocaram alterações em outros setores das atividades humanas. A Revolução Industrial foi um fator muito importante e que teve peso no processo de globalização, deslocando o foco da sociedade do campo para a cidade. Surgiu um novo desenho de classes, como o operariado, os sindicatos, as teorias socialistas, a demanda de leis refletindo conquistas sociais. Atualmente podemos dizer que a globalização é a revolução do final do século, e que veio para ficar. Esse processo está relacionado a uma aceleração do tempo. Tudo está mudando rapidamente, e quem não acompanhar o rítimo acelerado dessas mudanças, vai perder ö trem" da história e do desenvolvimento. Em relação às comunicações, as notícias hoje chegam rapidamente às nossas casas quase ao mesmo tempo em que os fatos estão acontecendo em outras partes do mundo: a Guerra do Golfo, por exemplo, acontecida em 1990, foi uma "guerra doméstica ".Entrava em nossa casas, pelo noticiário da televisão, geralmente à hora do jantar, mostrando toda a dramaticidade do conflito e servindo de 'vitrine comercial "para uma tecnologia bélica, exibindo armas, foguetes, aviões sofisticados, etc o recente conflito em países do centro-sul europeu, esteve também nos jornais e na televisão, trazendo os horrores de uma guerra fratricida e injusta ,para o nosso dia-a dia as lutas pela posse da terra, os conflitos e a violência urbana que acontecem a todo o momento no Brasil, recebem destaque no noticiário internacional. Hoje pode-se constatar que praticamente não existe mais país isolado. O crescimento da interdependência na superfície terrestre, está cada vez mais nos transformando numa aldeia global ."

Os pressupostos básicos da Teoria Histórico Cultural de Vigotsky

O contexto social vivido por Vigotsky e seus colaboradores, especialmente Luria e Leontiev, influenciou decisivamente os seus estudos. Participando de um momento conturbado da História, a Revolução Comunista, na Rússia, o foco de suas preocupações foi o desenvolvimento do indivíduo e da espécie humana, como resultado de um processo sócio-histórico. É interessante destacar que este grupo utilizou, em suas pesquisas, uma abordagem interdisciplinar - considerando-se as diferentes formações do próprio Vigotsky - o que para nós, educadores, se reveste de grande importância, porque traz para o campo educacional uma visão integrada de conhecimentos.Para Vigotsky, as origens da vida consciente e do pensamento abstrato deveriam ser procuradas na interação do organismo com as condições de vida social, e nas formas histórico-sociais de vida da espécie humana e não, como muitos acreditavam, no mundo espiritual e sensorial do homem. Deste modo, deve-se procurar analisar o reflexo do mundo exterior no mundo interior dos indivíduos, a partir da interação destes sujeitos com a realidade.A origem das mudanças que ocorrem no homem, ao longo do seu desenvolvimento, está, segundo seus princípios, na Sociedade, na Cultura e na sua História.

Distribuição populacional no Brasil

A distribuição populacional no Brasil é bastante desigual, havendo concentração da população nas zonas litorâneas, especialmente do Sudeste e da Zona da Mata nordestina. Outro núcleo importante é a região Sul. As áreas menos povoadas situam-se no Centro-Oeste e no Norte.
O IBGE classifica a rede urbana brasileira em uma hierarquia de acordo com o tamanho e importância das cidades. As categorias de cidades mais importantes são:
metrópoles globais: São Paulo, Rio de Janeiro
centros metropolitanos regionais: Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Belém, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Brasília, Campinas
centros submetropolitanos ou centros regionais: Aracaju, Campo Grande, Cuiabá, Feira de Santana, João Pessoa, Joinville, Juiz de Fora, Londrina, Maceió, Natal, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Sorocaba, Teresina, Uberlândia, São Luís
centros sub-regionais: Uberaba, Bagé, Blumenau, Campina Grande, Corumbá, Chapecó, Criciuma, Crato, Dourados, Guarapuava, Itajaí, Juazeiro do Norte, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria, Sobral, Três Lagoas

A população brasileira e o seu crescimento(2)

O Brasil possui cerca de 186 milhões de habitantes (estimativa do IBGE, 2006). Ao longo dos últimos anos, o crescimento demográfico do país tem diminuído o ritmo, que era muito alto até a década de 1960. Em 1940, o recenseamento indicava 41.236.315 habitantes; em 1950, 51.944.397 habitantes; em 1960, 70.070.457 habitantes; em 1970, 93.139.037 habitantes; em 1980, 119.002.706 habitantes; e finalmente em 1991, 146.825.475 habitantes.
As razões para uma diminuição do crescimento demográfico relacionam-se com a urbanização e industrialização e com incentivos à redução da natalidade (como a disseminação de anticoncepcionais). Embora a taxa de mortalidade no país tenha caído bastante desde a década de 1940, a queda na taxa de natalidade foi ainda maior.
A pirâmide etária brasileira apresenta, como nos demais países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, larga base e estreito cume. A população jovem (até 19 anos) constitui mais de um terço do total. Somada a uma pequena população de idosos (menos de um décimo), esse contingente constitui a população economicamente inativa, que precisa ser mantida pela população economicamente ativa.

O pós-guerra e a explosão demográfica

No período pós-Segunda guerra Mundial, o Brasil ingressou na Segunda fase do ciclo demográfico, ou seja, na etapa de maior crescimento populacional. O explosivo crescimento populacional ocorrido no período situado entre a década de 40 e a de 80 resultou da seguinte combinação de variáveis demográficas: redução muito lenta da natalidade e a queda acentuada da mortalidade. Entre 1940 e 1980, enquanto a taxa de natalidade passou de 44% para 33%, a taxa de mortalidade passou desabou de 25,3% para 8,1%. Em conseqüência, a taxa de crescimento populacional que era da ordem de 1,8% em 1940, saltou para quase 2,5% em 1980. Na década de 50, a taxa de crescimento atingiu quase 3% ao ano, uma das mais elevadas do mundo, na época. No período de 1940-1980, a taxa média de crescimento anual da população brasileira situou-se em tono de 2,6%. Para se ter uma idéia do que isso significa em termos de aumento populacional, observe que:
• Para uma taxa de crescimento anual de 3%, a população duplica a cada 23 anos; • Para uma taxa de 2,5%, a população duplica a cada 28 anos; • Para uma taxa de 1%, a população duplica a cada setenta anos.
Em apenas trinta anos, por exemplo, no período de 1950-1980, a população brasileira mais que dobrou: passou de 51,9 para 119 milhões de pessoas (133% de aumento no período). Entre 1940 e 1980, a população quase triplicou: passou de 41 para quase 120 milhões. Essa bomba humana, conhecida pelo nome de explosão demográfica, não foi privilégio do Brasil. No período pós-Segunda Guerra Mundial, ela atingiu todo o terceiro Mundo. De 1940 a 1980, a população mundial mais que dobrou: passou de 2 bilhões para quase 4,5 bilhões de pessoas (125% de aumento). Cerca de 90% desse aumento coube ao Terceiro mundo. As razões dessa explosão demográfica ocorrida no terceiro mundo são aquelas já mencionadas no caso do Brasil: persistência se elevadas taxas de natalidade e redução acentuada das taxas de mortalidade. A rápida e acentuada queda das taxas de mortalidade no Terceiro Mundo resultou de várias causas, tais como: progresso mundial da medicina e da bioquímica, urbanização dos países subdesenvolvidos, acompanhada da melhoria das condições médico-hospitalares e higiênico-sanitárias, combate às doenças de massas etc. Por outro lado, a persistência de elevadas taxas de natalidade está relacionada a fatores que dificultam a adoção de métodos artificiais de controle da natalidade, como, por exemplo: influência religiosa, baixa escolaridade da população, pobreza, elevado contingente de população rural etc.

Como se explica o elevado crescimento populacional ocorrido no Brasil?

Em qualquer país, o crescimento populacional resulta de duas variáveis: as migrações externas (entrada e saída de pessoas do país) e o crescimento natural ou vegetativo da população (diferença entre as taxas de natalidade e as de mortalidade). No caso do Brasil, apesar de a imigração ter contribuído de forma decisiva no aumento populacional, sem dúvida foi o crescimento vegetativo o fator principal do aumento populacional. Entre 1872 e 1940, período em que o Brasil recebeu cerca de 80% do total de imigrantes, as taxas de crescimento populacional situaram-se em torno de 1,8% ao ano. A partir de 1940 e até 1980, período em a imigração foi insignificante, as taxas de crescimento populacional situaram-se sempre acima de 2,3% ao não. Na década de 50, a de maior crescimento, as taxas situaram-se próximas a 3%. Assim, se até a década de 30 a imigração teve participação importante no crescimento populacional, a partir de então o crescimento populacional passou a depender, quase exclusivamente, do crescimento vegetativo. O ritmo relativamente lento do crescimento populacional brasileiro no período 1872-1940 é explicado pela combinação de elevadas taxas de natalidade (ausência de métodos e práticas anticoncepcionais) e altas taxas de mortalidade principalmente a infantil, decorrente sobretudo da precariedade das condições médico-hospitalares e higiênico-sanitárias, da desnutrição, das doenças de massa, da diarréia infecciosa, das doenças respiratórias, etc. Essa situação demográfica, caracterizada por elevadas taxas de natalidade e mortalidade (nascem muitos e morrem muitos) e crescimento populacional relativamente baixo, é típico de países muito atrasados e corresponde à primeira fase do ciclo demográfico. No início da década de 1990, ainda existiam algumas países nessa situação. Guiné-Bissau, país da África ocidental e um dos mais pobres do mundo, é um exemplo. As características demográficas atuais de Guiné-Bissau são semelhantes as que o Brasil apresentava na década de 30.

A população brasileira e o seu crescimento

Poucos países conheceram um crescimento populacional tão grande e rápido como o que ocorreu no Brasil nos últimos 120 anos. De 1872 (primeiro censo) a 1991 (décimo censo) , a população brasileira passou de quase dez milhões para pouco menos de 150 milhões de pessoas, um aumento de quinze vezes em menos de 120 anos. Em apenas três décadas (período 1950-1980), a população brasileira teve um acréscimo de 67 milhões de pessoas: passou de 52 para 119 milhões. Esse acréscimo é muito superior à população atual de alguns países, como, por exemplo, a França, Itália e o Reino unido (cerca de 57 milhões, cada). Equivale, também, ao dobro da população atual da Argentina (33 milhões de pessoas).

Períodos da Globalização(Terceira Fase/ ATUAL)

Data> Pós 1989

Período>
Globalização Recente

Caracterização>
Cibernética- tecnológica- associativa A primeira globalização, resultado da procura de uma rota marítima para as Índias, assegurou o estabelecimento das primeiras feitorias comerciais européias na Índia, China e Japão, e abriu aos conquistadores europeus as terras do Novo Mundo. Enquanto as especiarias eram embarcadas para os portos, milhares de imigrantes iberos, ingleses e holandeses, e, uns números bem menores de franceses, atravessaram o Atlântico para vir ocupar a América. Aqui formaram colônias de exploração, no sul da América do Norte, no Caribe e no Brasil, baseadas geralmente num só produto (açúcar, tabaco, café, minério, etc.) utilizando-se de mão de obra escrava vinda da África ou mesmo indígena. Para atender as primeiras, as colônias de exploração, é que o brutal tráfico negreiro tornou-se rotina. Igualmente não se deve omitir que ela promoveu uma espantosa expropriação das terras indígenas e ou na destruição da sua cultura. Em quase toda a América ocorreu uma catástrofe demográfica, devido aos maus tratos que a população nativa sofreu e as doenças e epidemias que os devastaram, devido ao contato com os europeus. Nesta primeira fase estrutura-se um sólido comércio triangular entre a Europa (fornecedora de manufaturas) África (que vende seus escravos) e América (que exporta produtos coloniais). A imensa expansão deste mercado favorece os artesãos e os industriais emergentes da Europa que passam a contar com consumidores num raio bem mais vasto do que aquele abrigado nas suas cidades, enquanto que a importação de produtos coloniais faz ampliar as relações inter-européias. Politicamente, a primeira fase da globalização se fez quase toda ela sob a proteção das monarquias absolutistas que concentram enorme poder e mobilizam os recursos econômicos, militares e burocráticos, para manterem e expandirem seus impérios coloniais. Os principais desafios que enfrentam advinham das rivalidades entre elas, seja pelas disputas dinásticas-territoriais ou pela posse de novas colônias no além mar, sem esquecer-se do enorme estragos que os corsários e piratas faziam. A doutrina econômica da 1ª fase foi o mercantilismo, adotado pela maioria das monarquias européias para estimular o desenvolvimento da economia dos reinos. Ele compreendia numa legislação que recorria a medidas protecionistas, incentivos fiscais e doação de monopólios, para promover a prosperidade geral. A produção e distribuição do comércio internacional eram feitas por mercadores privados e grandes companhias comerciais. Todo o universo econômico destinava-se a um só fim, acumular riqueza. O poder de um reino era analisado pela quantidade de metal precioso (ouro, prata e jóias) existente nos cofres reais. Para assegurar seu aumento o estado exercia controle nas importações e no comércio com as colônias. Esta política levou cada reino europeu a terminarem se transformando num império comercial, tendo colônias e feitorias espalhadas pelo mundo todo.

Períodos da Globalização(Segunda Fase)

Data > 1850-1950

Período > Segunda fase

Caracterização > Industrial-imperialista-colonialista

Períodos da Globalização(Primeira Fase)

Data > 1450-1850

Período > Primeira fase

Caracterização > Expansionismo mercantilista

Primeira Fase da Globalização

Existe, como em quase tudo que se diz respeito da história, uma grande controvérsia em estabelecer-se uma periodização para estes cinco séculos de integração econômica e cultural, que podemos chamar de globalização, iniciados pela descoberta de uma nova rota marítima para as Índias e pelas terras do Novo Mundo.
De certo modo até as duas grandes guerras mundiais de 1914-18 e a de 1939-45, e antes delas a Guerra dos Sete Anos (de 1756-1763), provocaram a intensificação da globalização quando adotaram algumas macro-estratégias militares para perseguir os adversários, num mundo quase inteiramente transformado em campo de batalha. Assim sendo, nos definimos pelas seguintes etapas: primeira fase da globalização, ou primeira globalização, dominada pela expansão mercantilista (de 1450 a 1850) da economia-mundo européia, a segunda fase, ou segunda globalização, que vai de 1850 a 1950 caracterizadas pelo expansionismo industrial-imperialista e colonialista e, por última, a globalização propriamente dita, ou globalização recente, acelerada a partir do colapso da URSS e a queda do muro de Berlim, de 1989 até o presente.

Vantagens e Desvantagens da Globalização

Prós e Contras A abertura da economia e a Globalização são processos irreversíveis, que nos atingem no dia-a-dia das formas mais variadas e temos de aprender a conviver com isso, porque existem mudanças positivas para o nosso cotidiano e mudanças que estão tornando a vida de muita gente mais difícil. Um dos efeitos negativos do intercâmbio maior entre os diversos países do mundo, é o desemprego que, no Brasil, vem batendo um recorde atrás do outro. No caso brasileiro, a abertura foi ponto fundamental no combate à inflação e para a modernização da economia com a entrada de produtos importados, o consumidor foi beneficiado: podemos contar com produtos importados mais baratos e de melhor qualidade e essa oferta maior ampliou também a disponibilidade de produtos nacionais com preços menores e mais qualidade. É o que vemos em vários setores, como eletrodomésticos, carros, roupas, cosméticos e em serviços, como lavanderias, locadoras de vídeo e restaurantes. A opção de escolha que temos hoje é muito maior. Mas a necessidade de modernização e de aumento da competitividade das empresas produziu um efeito muito negativo, que foi o desemprego. Para reduzir custos e poder baixar os preços, as empresas tiveram de aprender a produzir mais com menos gente. Incorporavam novas tecnologias e máquinas. O trabalhador perdeu espaço e esse é um dos grandes desafios que, não só o Brasil, mas algumas das principais economias do mundo têm hoje pela frente: crescer o suficiente para absorver a mão-de-obra disponível no mercado, além disso, houve o aumento da distância e da dependência tecnológica dos países periféricos em relação aos desenvolvidos. A questão que se coloca nesses tempos é como identificar a aproveitar as oportunidades que estão surgindo de uma economia internacional cada vez mais integrada.

Processos de Globalização

Até a Revolução Industrial, o processo de mundialização da economia foi vagaroso, devido às limitações nos transportes e nas comunicações. Com a Revolução Industrial e a liberação do Capitalismo para suas plenas possibilidades de expansão, a globalização deu um salto qualitativo e significativo. A ampliação dos espaços de lucro conduziu à globalização. O mundo passou a ser visto como uma referência para obtenção de mercados, locais de investimento e fontes de matérias-primas. Num primeiro momento, a globalização foi também o espaço para o exercício de rivalidades intercapitalistas e resultou-se em duas guerras mundiais. Ao longo do século XX, a globalização do capital foi conduzindo à globalização da informação e dos padrões culturais e de consumo. Isso deveu-se não apenas ao progresso tecnológico, mas - e, sobretudo - ao imperativo dos negócios. A tremenda crise de 29 teve tamanha amplitude justamente por ser resultado de um mundo globalizado, ou seja, ocidentalizado, face à expansão do Capitalismo. Ao entrarmos nos anos 80/90, o Capitalismo, ingressou na etapa de sua total euforia triunfalista, sob o rótulo de Neo-Liberalismo. Tais são os nossos tempos de palavras perfumadas: reengenharia, privatização, economia de mercado, modernidade e - metáfora do imperialismo - globalização. Os avanços tecnicocientíficos (informática, cabos de fibra óptica, telecomunicações, química fina, robótica, bioteconologia e outros) e a difusão de rede de informação reforçaram e facilitaram o processo de globalização. Estabeleceram um intercâmbio acelerado (reduzindo o espaço e o tempo), não só na esfera econômica (mercados, tecnologia de produção), mas atingindo também, os hábitos, os padrões culturais e de consumo.A classe trabalhadora, debilitada por causa do desemprego, resultante do maciço investimento tecnológico, ou está jogada no desamparo, ou foi absorvida pelo setor de serviços, uma economia fluida e que não permite a formação de uma consciência de classe. No momento presente, inexistem abordagens racionais e projetos alternativos para as misérias sociais, o que alimenta irracionalismos à solta.

Globalização

"Parece absurdo pensar nisso, mas a temperatura de seu corpo, nesse exato momento, é preservada por uma roupa produzida graças ao trabalho de milhares de pessoas em várias partes do mundo. Por qualquer ângulo que se olhe, percebemos que cada indivíduo vive hoje numa sociedade mundial. As pessoas se alimentam, se vestem, moram, são transportadas, se comunicam, se divertem, por meio de bens e serviços mundiais, utilizando mercadorias produzidas pelo capitalismo mundial, globalizado. Suponhamos que você vá com seus amigos comer um cheeseburger e tomar Coca-Cola no McDonald's. Em seguida, assista a um filme de Steven Spielber e volte para casa num carro Ford ou num ônibus Mercedes. Ao chegar, o telefone toca. Você atende num aparelho fabricado pela Siemmens e ouve um amigo lembrando-o de um videoclipe que começou há instantes na televisão: Michael Jackson em seu último lançamento. Você corre e liga o aparelho da marca Mitsubishi. Ao terminar o clipe, decide ouvir um CD do grupo Simply Red gravado pela BMG Ariola Discos, de propriedade da Warner, em seu equipamento Philips. Veja quantas empresas transnacionais estiveram presentes nesse curto programa de algumas horas. Na verdade, não há atividades que escapem dos efeitos da globalização do capitalismo. Nem mesmo os esportes. Nem a seleção canarinho dispensa o patrocínio da Coca-Cola, símbolo estridente do processo de globalização do capital. A influência política da globalização chega ao ponto de entidades de direitos humanos dos Estados Unidos tomarem conhecimento da chacina de meninos de rua, ocorrida em 1993 em frente à igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, antes mesmo do próprio governo brasileiro."
Globalização
Não existe uma definição que seja aceita por todos, mas é basicamente um processo ainda em curso de integração de economias e mercados nacionais. No entanto, ela compreende mais do que o fluxo monetário e de mercadoria; implica a interdependência dos países e das pessoas, além da uniformização de padrões e está ocorrendo em todo o mundo, também no espaço social e cultural. É chamada de "terceira revolução tecnológica" (processamento, difusão e transmissão de informações) e acredita-se que a globalização define uma nova era da história humana. As navegações e o processo colonialista constituíram momentos que permitiram à humanidade acelerar os contatos de troca de informações, de técnicas, de cultura e principalmente expandir o capitalismo e interligar os mercados mundiais. Pode-se dizer que a multiplicação dos espaços de lucro (domínio de mercados, locais de investimento e fontes de matérias-primas) conduziu o mundo à globalização. Apesar de ser um processo antigo, apenas na década de 90 a globalização se impôs como um fenômeno de dimensão realmente planetária, a partir dos Estados Unidos e da Inglaterra e de quando a tecnologia de informática se associou à de telecomunicações.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Prova CARGOS: NÍVEL SUPERIOR (PROFESSOR, CONSULTOR EDUCACIONAL E ASSISTENTE TÉCNICO PEDAGÓGICO)

1ª Questão
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9.394/96, delega à escola e seus sujeitos a responsabilidade da elaboração de seu Projeto Pedagógico. No que se refere à participação na elaboração do Projeto Político Pedagógico, construção coletiva, considerando os Artigos 12, 13 e 14, é incorreto afirmar:a) Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público, na educação básica, de acordo com suas peculiaridades, incluindo a participação dos profissionais das comunidades escolar e local em conselhos escolares equivalentes.b) Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público, na educação básica, de acordo com os princípios estabelecidos nacionalmente, de modo a manter uma unidade curricular e a evitar o pluralismo de concepções pedagógicas.c) Os docentes incumbir-se-ão de participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino e de cumprir o plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino.d) Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do sistema de ensino, terão a incumbência de informar os pais sobre a execução de sua proposta pedagógica.
2ª QuestãoA perspectiva histórico-cultural da aprendizagem considera a avaliação como fonte de informação para novos procedimentos a serem tomados a cada instante, no processo educacional. Isso significa que:a) a avaliação deve ocorrer para decidir quanto à aprovação ou reprovação do aluno, no final do período letivo;b) a ação de avaliar deve ser sempre classificatória;c) a ação de avaliar deve ser sempre diagnóstica e processual;d) somente os alunos devem ser avaliados.3ª Questão
Assinale a alternativa correta, no que se refere à construção de um projeto educacional coletivo, democrático e permanente, perspectiva da proposta Curricular de Santa Catarina.
a) A prática do planejamento apresenta um caráter político e ideológico que traça diretrizes e metas, define objetivos e formas de avaliação, cabendo ao Diretor a gestão autônoma, definindo prioridades e formas de gerenciamento, pois ele está hierarquicamente acima de qualquer outro segmento do contexto educacional. b) A implementação do projeto social da escola é de competência única e exclusivamente dos professores, pois o sucesso da escola depende da qualidade da prática pedagógica e do compromisso em promover a aprendizagem do aluno. c) O trabalho docente pressupõe, acima de tudo, a qualificação do professor, o que torna pouco relevante o envolvimento de outras dimensões do processo educacional, tais como a integração de toda a equipe de profissionais, dos pais, alunos e comunidade. d) A tomada de decisões, em nível de construção coletiva, refere-se a vários âmbitos do contexto educacional.
4ª Questão
Os documentos oficiais têm apontado para teorias que compreendem a aprendizagem como elaboração conceitual lenta e progressiva e não como mera aquisição de informações. Isso implica:
a) que os resultados da avaliação devem refletir o processo do aluno, no sentido de expansão do seu aparato conceitual;b) que os resultados da avaliação refletem o comportamento do aluno, no que diz respeito às normas disciplinares;c) que, na escola, os critérios de avaliação devem ser relativos à disciplina ensinada e às concepções de cada professor;d) que os resultados da avaliação devem refletir o empenho do aluno ao reproduzir o conteúdo dado.5ª QuestãoEm relação à pessoa que necessita de condições especiais de atendimento, em uma proposta histórico-cultural que concebe que o indivíduo se humaniza em um ambiente social, em interação com outros indivíduos, podemos afirmar que:a) é impossível considerar que o desenvolvimento dessa pessoa possa ocorrer em um processo previsível, linear e gradual;b) o processo de desenvolvimento dessa pessoa realiza-se sob parâmetros; c) homogêneos e individuais para cada grupo específico, os espaços específicos de aprendizagem devem privilegiar os procedimentos reabilitadores e terapêuticos;d) as diversidades pessoais, culturais e sociais atuam como limitadores do processo de aprendizagem e desenvolvimento.
6ª QuestãoSegundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito científico de desvantagem, relacionado às pessoas que necessitam de condições especiais de atendimento, refere-se à:a) condição social de prejuízo decorrente da deficiência e/ou incapacidade;b) restrição de atividades decorrentes de uma deficiência;c) conseqüência em termos de desempenho e atividade funcional do indivíduo;d) perda ou anormalidade de estrutura ou função orgânica.
7ª QuestãoAssinale a alternativa correta, quanto ao uso das novas tecnologias na educação, na perspectiva da Proposta Curricular de Santa Catarina.a) As novas tecnologias, utilizadas como fim em si mesmas, na construção do conhecimento, devem estar a serviço da reprodução do capital e da competitividade.b) As novas tecnologias são também objetos sociais e mediadores da relação entre o ser humano e o mundo.c) As novas tecnologias vêm substituir as "antigas" tecnologias intelectuais, para traçar estratégias que possibilitem repensar a educação.d) As novas tecnologias intelectuais na educação devem ser definidas pelas forças hegemônicas do mercado capitalista.8ª Questão
O Art. 37. da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional refere-se à Educação de Jovens e Adultos, destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio, na idade própria. É incorreto afirmar que os exames, a que se refere esse artigo:a) serão realizados no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;b) serão realizados no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos;c) terão os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais aferidos e reconhecidos;d) serão realizados no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de dezoito anos.
9ª Questão
A psicanálise de Freud, a Epistemologia genética de Piaget e o Behaviorismo de Skinner foram criticados por se preocuparem em explicar o ser humano a partir de uma única dimensão. Essa dimensão seria, para cada um deles, respectivamente:a) a cultura, a afetividade e o pensamento;b) a memória, a aprendizagem e o inconsciente;c) o inconsciente, a inteligência e o comportamento;d) a motivação, a linguagem e a inteligência.
10ª QuestãoO Inatismo é uma concepção da aprendizagem segundo a qual o ser humano já nasce com potencialidades, dons e aptidões a serem desenvolvidas, biologicamente determinadas. O(a) professor(a) que trabalha apoiando-se nessa concepção, entenderá que:
a) deve oferecer ao aluno atividades que o desafiem para a construção do conhecimento;b) a aprendizagem estará condicionada à quantidade e à qualidade dos estímulos oferecidos ao aluno;c) quanto menor for sua interferência no processo de aprendizagem, mais estará facilitando para que o aluno revele a sua essência;d) deve conhecer o contexto em que o aluno vive, para mediar seu acesso ao conhecimento formal.11ª Questão
A teoria de Vygotsky entende o desenvolvimento e a aprendizagem como relacionados desde o nascimento da criança. O desenvolvimento é entendido como um processo:
a) previsível, universal e linear;b) em que o sujeito é passivo e seu comportamento é condicionado pela influência dos estímulos do ambiente;c) determinado por conteúdos mentais de caráter individual, dos quais não se tem consciência;d) construído no contexto social e promovido pela aprendizagem.
12ª Questão
A Educação Sexual tem sido alvo de discursos diversos, sobretudo nos últimos anos, em função do surgimento da AIDS. Contudo, tem preponderado nas campanhas educativas um viés médico-biologizante, que reduz a sexualidade à genitalidade e a um "problema" de saúde pública. "Não está em jogo a formação do homem e sim a informação de como se evitar contágio de doenças que se transmitem pelo sexo". (Proposta Curricular SC:1998, p. 20). Para superar esse viés, a referida proposta postula:
a) que a educação sexual deve ter como conteúdo principal uma sólida informação sobre os aparelhos reprodutores, a concepção, a reprodução e as doenças sexualmente transmissíveis;b) que a educação sexual necessita buscar elementos conceituais e teóricos nos diversos campos das ciências e, de modo multidisciplinar, deve compor e transitar pela interdisciplinaridade;c) que a educação sexual incentive os jovens a postergar o sexo, por entendê-lo numa perspectiva reprodutiva, vinculado ao matrimônio, baseado em sólidos valores morais e nos bons costumes;d) que a educação sexual utilize o animismo como recurso didático, dando vida e inteligência a seres inanimados, para explicar as questões mais elementares, no caso da curiosidade sexual infantil.13ª Questão
Como coloca a Proposta Curricular de Santa Catarina: 1998, "a sexualidade vem sendo considerada um importante objeto de estudo, consolidando-se, nos últimos tempos, como subsídio também da ação pedagógica". Por isso faz-se necessário explicitar o que se entende por sexualidade como um pressuposto teórico fundamental, para se pensar sobre Educação Sexual. Na referida proposta, a sexualidade:
a) é o ato sexual reprodutivo;b) é a caracterização biológica do ser humano, como espécie animal;c) constitui-se numa elaboração histórica e cultural que se explica e se compreende no contexto e nas relações nas quais se produz;d) é a atividade sexual genital, reprodutiva ou não, que marca o ser humano em sua essência.
14ª Questão
"Na sociedade ocidental, sobretudo a partir do século XVII, a criança costuma ser percebida como um ser assexuado, fato esse que se interliga à idéia do sexo mau, sujo, pecaminoso, entre outras numerosas conotações negativas dadas à sexualidade. Nesse sentido, importa desvelar estas relações no cotidiano da instituição escola". (Proposta Curricular SC:1998, p.21). Na perspectiva de superar esse viés, de acordo com a referida proposta, é correto afirmar que o/a educador/a
a) deve procurar inibir as manifestações da sexualidade infantil na escola, através de jogos e brincadeiras que desviem sua atenção de comportamentos inadequados;b) deve procurar compreender as expressões e/ou manifestações sexuais da criança no cotidiano escolar, sob a ótica da aquisição de uma base científica e da perspectiva da transformação social, buscando uma nova ética e uma educação dialética em que se pressupõe um trabalho de forma positiva, coerente e afetiva com as crianças;c) deve deixar exclusivamente com a família a questão da educação sexual na infância;d) deve analisar com extremo cuidado os materiais didáticos com os quais irá trabalhar, descartando aqueles que possam contribuir para despertar a curiosidade infantil na área da sexualidade.15ª QuestãoO turismo rural em Santa Catarina é um segmento que adquire cada vez maior importância na economia turística do Estado. Ele é uma atividade bastante recente, que teve origem na região...
a) do Planalto Norteb) do Vale do Itajaíc) Sul do Estadod) do Planalto Serrano
16ª QuestãoA fonte de energia a gás implica em redução de custos para as empresas, maior qualidade da produção e maior aceitação do produto no mercado externo, porque a queima do gás natural é não - poluente. A partir do ano 2000, diversos municípios de Santa Catarina passaram a receber gás natural (SCGás), que provém do gasoduto:
a) Paraguai - Brasilb) Colômbia - Brasilc) Bolívia - Brasild) Peru - Brasil
17ª QuestãoO artesanato rendeiro persiste como atividade que vem sendo estimulada pelo turismo no litoral de Santa Catarina. Essa técnica é anterior à Revolução Industrial e manteve-se no âmbito da manufatura familiar, sendo identificada, sobretudo, pela elaboração minuciosa das rendas de bilros, com grande efeito estético.Essa atividade foi introduzida no Estado pelos:
a) italianosb) açorianosc) polonesesd) alemães18ª Questão
A história da imprensa catarinense começou em 1831, com "O Catharinense", editado por Jerônimo Coelho.
Existe um jornal, fundado em 1915, sendo o mais antigo jornal catarinense em circulação.
Assinale a alternativa que apresenta o nome desse jornal.
a) Correio Lageano ¾ de Lagesb) A Notícia ¾ de Joinvillec) Correio do Povo ¾ de Jaraguá do Suld) O Estado ¾ de Florianópolis
19ª Questão
Em Santa Catarina, as atividades econômicas encontram-se bem demarcadas nos seus diferentes espaços físicos.
Relacione a segunda coluna de acordo com a primeira, identificando a região em que cada setor industrial faz-se mais presente.
1. Vale do Itajaí ( ) Indústria moveleira2. Planalto de Lages ( ) Indústria têxtil e do vestuário3. Sul Catarinense ( ) Indústria de papel e papelão4. Oeste Catarinense ( ) Indústria alimentar5. Planalto Norte ( ) Indústria cerâmica e descartáveis plásticos
Assinale a alternativa que contenha a ordem correta da 2ª coluna, de cima para baixo.
a) 5, 1, 2, 4 e 3b) 3, 5, 1, 4 e 2c) 5, 1, 4, 3 e 2d) 2, 5, 4, 1 e 3
20ª QuestãoAo longo do IIº Reinado, sob o governo de D. Pedro II, dois contingentes imigratórios ganharam destaque em nosso território, cujas tradições acham-se até hoje bastante arraigadas na população catarinense.
Assinale a alternativa que apresenta essas duas etnias.
a) Açoriana e vicentistab) Açoriana e alemãc) Alemã e italianad) Portuguesa e italiana
http://www.udesc.br/concursos/sed/provas/objetiva_gerais.htm

Perspectiva pós-crítica de currículo

Teorias de currículo,
encontramos uma primeira: a abordagem pós-crítica, de base neo-marxista, que enfatiza
os processos institucionais, econômicos e estruturais que estariam na base da produção
dos processos de discriminação e desigualdade, baseados na diferença e na identidade cultural. Tal perspectiva é a mesma defendida pelo presente trabalho, como fora
anteriormente mencionado.
A segunda tendência verificada nos trabalhos é denominada pós-colonialista. De
acordo com o autor:
Numa concepção mais restrita, a teoria pós-colonial deveria estar
focalizada precisamente nas manifestações literárias e artísticas dos
próprios povos subjugados, vistas como expressão de sua experiência
da opressão colonial e pós-colonial [...] é um importante elemento no
questionamento e na crítica dos currículos centrados no chamado
‘cânon ocidental’ das ‘grandes’ obras literárias e artísticas (SILVA,
2003, p. 126).

Concepções acerca da língua - visão histórica

"Concepção" é idéia, conceito, noção, modo de ver, ponto de vista, opinião, maneira de formular uma idéia. Concepções acerca da língua são, pois, modos de ver, pontos de vista, opiniões a respeito da língua. Concepções de linguagem estão profundamente enraizadas na psique individual e coletiva. Com efeito, tem havido sempre, nas culturas em geral, uma quantidade apreciável de mitos, crenças, tradições que revelam as concepções de linguagem de seus povos. A antropologia cultural nos demonstra, por exemplo, que a maioria das culturas primitivas concebiam a linguagem como um dom de Deus, como na Bíblia: "E o Senhor, tendo criado todos os animais da terra e todos os ventos do ar, levou-os a Adão para saber o que lhes queria chamar; porque o que fosse que Adão chamasse a uma criatura viva esse ficaria seu nome." Já para os egípcios, o deus Toth foi o criador da fala e da escrita; para os babilônios, o deus Nabu; para os chineses, a escrita foi trazida do céu no dorso de uma tartaruga. Muitas sociedades primitivas (e pessoas supersticiosas também) concebem a linguagem como alguma coisa dotada de poder mágico. Assim, em certas culturas primitivas, não se deveria pronunciar o nome de uma pessoa morta, pois enquanto o nome durasse duraria a pessoa, e pronunciar seu nome seria atrair a morte. No Egito antigo, seus habitantes tinham dois nomes, um para o mundo e outro para Deus, jamais revelado. Conhecer esse segundo nome era ter poder sobre o indivíduo. Em Roma, para citar mais um exemplo, as autoridades convocavam primeiramente homens com nomes auspiciosos: Victor, Félix, Teodoro (presente de Deus), etc. A concepção de que a linguagem se reveste de poder mágico inspirou a primeira descrição lingüística de que se tem notícia, a gramática do sânscrito. Naquela época (século VI a.C.), os dialetos populares da Índia (pratkrits) se generalizavam rapidamente, enquanto o sânscrito culto (blasha) ia caindo no esquecimento. Tratava-se, então, de assegurar a conservação dos textos sagrados escritos nessa língua (poemas religiosos chamados Vedas) e de sua pronúncia exata, a fim de que surtissem seus efeitos. Quem levou a cabo essa tarefa foi Panini. Na verdade, a história das concepções acerca da língua é a própria história dos estudos lingüísticos. A Lingüística, em suas diferentes fases de desenvolvimento, adota uma concepção de língua, de linguagem, com que observa, analisa e descreve esses fenômenos, conforme se pode ilustrar, por exemplo, nestes diferentes momentos do desenvolvimento dos estudos lingüísticos: gramática tradicional, lingüística do sistema, sociolingüística, lingüística do discurso. A gramática tradicional deve ser definida não como um livro, mas como um conjunto de concepções acerca da língua, formulado a partir dos gregos e que chegou até nossos dias: entende a língua como expressão do pensamento; preocupa-se exclusivamente com a língua escrita; elege a modalidade literária, a modalidade mais formal como objeto de estudo; privilegia as formas mais antigas em detrimento das atuais, das inovações lingüísticas; emite juízos de valor (uma língua é mais bonita, mais harmoniosa, mais rica que outra); estabelece regras normativas arbitrárias; etc. Para a lingüística do sistema, a língua é um código de signos arbitrários; é um sistema de comunicação. Já para a sociolingüística, a língua é um conjunto de variedades, enquanto para a lingüística do discurso é um sistema de interação, um sistema que somente se realiza sob a forma textual. Concepções diferentes ou antagônicas acerca da língua têm originado, ao longo da história, sérios conflitos, polêmicas acaloradas entre indivíduos, grupos ou correntes. É o que se aborda a seguir.

A PRODUÇÃO DE TEXTO NUMA PERSPECTIVA DIALÓGICA

Aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar, aprender a encontrar idéias e concatená-las, pois, assim como não é possível dar o que não se tem, não se pode transmitir o que a mente ao criou ou não aprovisionou...” (Othon Garcia)

1ª-A primeira concepção vê a linguagem apenas como forma de pensamento, isto é, para tal concepção quem não se expressa adequadamente, não pensa. Reforçam esta concepção os estudos tradicionais da Gramática Normativa a qual privilegia o falar das camadas socioeconomicamente mais favorecidas. Para quem enxerga a linguagem deste modo, acredita que há normas a serem seguidas e tudo aquilo que delas se desvincula é considerado erro. O bom texto será aquele em que o indivíduo que, de maneira lógica, exterioriza seu pensamento de maneira articulada e bem organizada. Assim, para esta concepção o produtor de texto não pode ser afetado pelo seu interlocutor nem pelas circunstâncias

2ªA segunda concepção vê a linguagem como instrumento de comunicação. Nesta perspectiva, segundo Travaglia (1997:22),
“...a língua é vista como um código, ou seja, como um conjunto de signos que se combinam segundo regras, e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor a um receptor. Esse código deve, portanto, ser dominado pelos falantes para que a comunicação possa ser efetivada. Como o uso do código que é a língua um ato social, envolvendo conseqüentemente duas pessoas, é necessário que o código seja utilizado de maneira semelhante, preestabelecida, convencionada para que a comunicação se efetive”


http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=artigos/docs/dialogica

LETRAR É MAIS QUE ALFABETIZAR

Nos dias de hoje, em que as sociedades do mundo inteiro estão cada vez mais centradas na escrita, ser alfabetizado, isto é, saber ler eescrever, tem se revelado condição insuficiente para responder adequadamente às demandas contemporâneas. É preciso ir além da simples aquisição do código escrito, é preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano, apropriar-se da função social dessas duas práticas; é preciso letrar-se. O conceito de letramento, embora ainda não registrado nos dicionários brasileiros, tem seu aflorar devido à insuficiência reconhecida do conceito de alfabetização. E, ainda que não mencionado, já está presente na escola, traduzido em ações pedagógicas de reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar.
"A cada momento, multiplicam-se as demandas por práticas de leitura e de escrita, não só na chamada cultura do papel, mas também na nova cultura da tela, com os meios eletrônicos".
"Se uma criança sabe ler, mas não é capaz de ler um livro, uma revista, um jornal, se sabe escrever palavras e frases, mas não é capaz de escrever uma carta, é alfabetizada, mas não é letrada". Em sociedades grafocêntricas como a nossa, tanto crianças de camadas favorecidas quanto crianças das camadas populares convivem com a escrita e com práticas de leitura e escrita cotidianamente, ou seja, vivem em ambientes de letramento. "A diferença é que crianças das camadas favorecidas têm um convívio inegavelmente mais freqüente e mais intenso com material escrito e com práticas de leitura e de escrita". "É prioritário propiciar igualmente a todos o acesso ao letramento, um processo de toda a vida".
O que levou os pesquisadores ao conceito de "letramento", em lugar do de alfabetização?
- A palavra letramento e, portanto, o conceito que ela nomeia entraram recentemente no nosso vocabulário. Basta dizer que, embora apareça com freqüência na bibliografia acadêmica, a palavra não está ainda nos dicionários. Há, mesmo, vários livros que trazem essa palavra no título. Mas ela não foi ainda incluída, por exemplo, no recente Michaelis, Moderno Dicionário da Língua Portuguesa , de 1998, nem na nova edição do Aurélio, o Aurélio Século XXI , publicado em 1999. É preciso reconhecer também que a palavra não foi incorporada pela mídia ou mesmo pelas escolas e professores. É ainda uma palavra quase só dos "pesquisadores", como bem diz a pergunta. O mesmo não acontece com o conceito que a palavra nomeia, porque ele surge como conseqüência do reconhecimento de que o conceito de alfabetização tornou-se insatisfatório.
- Por quê?
- A preocupação com um analfabetismo funcional [terminologia que a Unesco recomendara nos anos 70, e que o Brasil passou usar somente a partir de 1990, segundo a qual a pessoa apenas sabe ler e escrever, sem saber fazer uso da leitura e da escrita], ou com o iletrismo, que seria o contrário de letramento, é um fenômeno contemporâneo, presente até no Primeiro Mundo.
- E como isso ocorre?
- É que as sociedades, no mundo inteiro, tornaram-se cada vez mais centradas na escrita. A cada momento, multiplicam-se as demandas por práticas de leitura e de escrita, não só na chamada cultura do papel, mas também na nova cultura da tela, com os meios eletrônicos, que, ao contrário do que se costuma pensar, utilizam-se fundamentalmente da escrita, são novos suportes da escrita. Assim, nas sociedades letradas, ser alfabetizado é insuficiente para vivenciar plenamente a cultura escrita e responder às demandas de hoje.
- Qual tem sido a reação a esse fenômeno lá fora?
- Nos Estados Unidos e na Inglaterra, há grande preocupação com o que consideram um baixo nível de literacy da população, e, periodicamente, realizam-se testes nacionais para avaliar as habilidades de leitura e de escrita da população adulta e orientar políticas de superação do problema. Outro exemplo é a França. Os franceses diferenciam illettrisme muito claramente illettrisme de analphabétisme . Este último é considerado problema já vencido, com exceção para imigrantes analfabetos em língua francesa. Já illettrisme surge como problema recente da população francesa. Basta dizer que a palavra illettrisme só entrou no dicionário, na França, nos anos 80. Em Portugal é recente a preocupação com a questão do letramento, que lá ganhou a denominação de literacia, numa tradução mais ao pé da letra do inglês literacy .
- O que explica o aparecimento do conceito de letramento entre nós?
- Não se trata propriamente do aparecimento de um novo conceito, mas do reconhecimento de um fenômeno que, por não ter, até então, significado social, permanecia submerso. Desde os tempos do Brasil Colônia, e até muito recentemente, o problema que enfrentávamos em relação à cultura escrita era o analfabetismo, o grande número de pessoas que não sabiam ler e escrever. Assim, a palavra de ordem era alfabetizar. Esse problema foi, nas últimas décadas, relativamente superado, vencido de forma pelo menos razoável. Mas a preocupação com o letramento passou a ter grande presença na escola, ainda que sem o reconhecimento e o uso da palavra, traduzido em ações pedagógicas de reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar.
- Como o conceito de letramento, mesmo sem que se utilize este termo, vem sendo levado à prática?
- No início dos anos 90, começaram a surgir os ciclos básicos de alfabetização, em vários estados; mais recentemente, a própria lei [Lei de Diretrizes e Bases, de 1996] criou os ciclos na organização do ensino. Isso significa que, pelo menos no que se refere ao ciclo inicial, o sistema de ensino e as escolas passam a reconhecer que alfabetização, entendida apenas como a aprendizagem da mecânica do ler e do escrever e que se pretendia que fosse feito em um ano de escolaridade, nas chamadas classes de alfabetização, é insuficiente. Além de aprender a ler e a escrever, a criança deve ser levada ao domínio das práticas sociais de leitura e de escrita. Também os procedimentos didáticos de alfabetização acompanham essa nova concepção: os antigos métodos e as antigas cartilhas, baseados no ensino de uma mecânica transposição da forma sonora da fala à forma gráfica da escrita, são substituídos por procedimentos que levam as crianças a conviver, experimentar e dominar as práticas de leitura e de escrita que circulam na nossa sociedade tão centrada na escrita.
- Como se poderia, então, definir letramento?
- Letramento é, de certa forma, o contrário de analfabetismo. Aliás, houve um momento em que as palavras letramento e alfabetismo se alternavam, para nomear o mesmo conceito. Ainda hoje há quem prefira a palavra alfabetismo à palavra letramento - eu mesma acho alfabetismo uma palavra mais vernácula que letramento, que é uma tentativa de tradução da palavra inglesa literacy , mas curvo-me ao poder das tendências lingüísticas, que estão dando preferência a letramento. Analfabetismo é definido como o estado de quem não sabe ler e escrever; seu contrário, alfabetismo ou letramento, é o estado de quem sabe ler e escrever. Ou seja: letramento é o estado em que vive o indivíduo que não só sabe ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de leitura e escrita que circulam na sociedade em que vive: sabe ler e lê jornais, revistas, livros; sabe ler e interpretar tabelas, quadros, formulários, sua carteira de trabalho, suas contas de água, luz, telefone; sabe escrever e escreve cartas, bilhetes, telegramas sem dificuldade, sabe preencher um formulário, sabe redigir um ofício, um requerimento. São exemplos das práticas mais comuns e cotidianas de leitura e escrita; muitas outras poderiam ser citadas.
- Ler e escrever puramente tem algum valor, afinal?
- Alfabetização e letramento se somam. Ou melhor, a alfabetização é um componente do letramento. Considero que é um risco o que se vinha fazendo, ou se vem fazendo, repetindo-se que alfabetização não é apenas ensinar a ler e a escrever, desmerecendo assim, de certa forma, a importância de ensinar a ler e a escrever. É verdade que esta é uma maneira de reconhecer que não basta saber ler e escrever, mas, ao mesmo tempo, pode levar também a perder-se a especificidade do processo de aprender a ler e a escrever, entendido como aquisição do sistema de codificação de fonemas e decodificação de grafemas, apropriação do sistema alfabético e ortográfico da língua, aquisição que é necessária, mais que isso, é imprescindível para a entrada no mundo da escrita. Um processo complexo, difícil de ensinar e difícil de aprender, por isso é importante que seja considerado em sua especificidade. Mas isso não quer dizer que os dois processos, alfabetização e letramento, sejam processos distintos; na verdade, não se distinguem, deve-se alfabetizar letrando .
- De que forma?
- Se alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita. Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma criança letrada (tomando este adjetivo no campo semântico de letramento e de letrar, e não com o sentido que tem tradicionalmente na língua, este dicionarizado) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer de leitura e de escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em diferentes contextos e circunstâncias. Se a criança não sabe ler, mas pede que leiam histórias para ela, ou finge estar lendo um livro, se não sabe escrever, mas faz rabiscos dizendo que aquilo é uma carta que escreveu para alguém, é letrada, embora analfabeta, porque conhece e tenta exercer, no limite de suas possibilidades, práticas de leitura e de escrita. Alfabetizar letrando significa orientar a criança para que aprenda a ler e a escrever levando-a a conviver com práticas reais de leitura e de escrita: substituindo as tradicionais e artificiais cartilhas por livros, por revistas, por jornais, enfim, pelo material de leitura que circula na escola e na sociedade, e criando situações que tornem necessárias e significativas práticas de produção de textos.
- O processo de letramento ocorre, então, mesmo entre crianças bem pequenas...
- Pode-se dizer que o processo começa bem antes de seu processo de alfabetização: a criança começa a "letrar-se" a partir do momento em que nasce numa sociedade letrada. Rodeada de material escrito e de pessoas que usam a leitura e a escrita - e isto tanto vale para a criança das camadas favorecidas como para a das camadas populares, pois a escrita está presente no contexto de ambas -, as crianças, desde cedo, vão conhecendo e reconhecendo práticas de leitura e de escrita. Nesse processo, vão também conhecendo e reconhecendo o sistema de escrita, diferenciando-o de outros sistemas gráficos (de sistemas icônicos, por exemplo), descobrindo o sistema alfabético, o sistema ortográfico. Quando chega à escola, cabe à educação formal orientar metodicamente esses processos, e, nesse sentido, a Educação Infantil é apenas o momento inicial dessa orientação.
- O processo de letramento ocorre durante toda a vida escolar?
- A alfabetização, no sentido que atribuí a essa palavra, é que se concentra nos primeiros anos de escolaridade. Concentra-se aí, mas não ocorre só aí: por toda a vida escolar os alunos estão avançando em seu domínio do sistema ortográfico. Aliás, um adulto escolarizado, quando vai ao dicionário, resolver dúvida sobre a escrita de uma palavra está retomando seu processo de alfabetização. Mas esses procedimentos de alfabetização tardia são esporádicos e eventuais, ao contrário do letramento, que é um processo que se estende por todos os anos de escolaridade e, mais que isso, por toda a vida. Eu diria mesmo que o processo de escolarização é, fundamentalmente, um processo de letramento.
- Em qualquer disciplina?
- Em todas as áreas de conhecimento, em todas as disciplinas, os alunos aprendem através de práticas de leitura e de escrita: em História, em Geografia, em Ciências, mesmo na Matemática, enfim, em todas as disciplinas, os alunos aprendem lendo e escrevendo. É um engano pensar que o processo de letramento é um problema apenas do professor de Português: letrar é função e obrigação de todos os professores. Mesmo porque em cada área de conhecimento a escrita tem peculiaridades, que os professores que nela atuam é que conhecem e dominam. A quantidade de informações, conceitos, princípios, em cada área de conhecimento, no mundo atual, e a velocidade com que essas informações, conceitos, princípios são ampliados, reformulados, substituídos, faz com que o estudo e a aprendizagem devam ser, fundamentalmente, a identificação de ferramentas de busca de informação e de habilidades de usá-las, através de leitura, interpretação, relacionamento de conhecimentos. E isso é letramento, atribuição, portanto, de todos os professores, de toda a escola.
- Mas seria maior a responsabilidade do professor de Português?
- É claro que o professor de Português tem uma responsabilidade bem mais específica com relação ao letramento: enquanto este é um "instrumento" de aprendizagem para os professores das outras áreas, para o professor de Português ele é o próprio objeto de aprendizagem, o conteúdo mesmo de seu ensino.
- Muitos pais reclamam do fato de, hoje, os grandes textos de literatura, nos livros didáticos, darem lugar a letras de música, rótulos de produtos, bulas de remédio. O que essa ênfase nos textos do dia-a-dia tem de positivo e o que teria de negativo?
- É verdade que o conceito de letramento, bem como a nova concepção de alfabetização que decorre dele e também das teorias do construtivismo que chegaram ao campo da educação e do ensino nos anos 80, trouxeram um certo exagero na utilização de diferentes gêneros e diferentes portadores de texto na sala de aula. É realmente lamentável que os textos literários, até pouco tempo atrás exclusivos nas aulas de Português, tenham perdido espaço. É preciso não esquecer que, exatamente porque a literatura tem, lamentavelmente, no contexto brasileiro, pouca presença na vida cotidiana dos alunos, cabe à escola dar a eles a oportunidade de conhecê-la e dela usufruir. Por outro lado, tem talvez faltado critério na seleção dos gêneros. Por exemplo: parece-me equivocado o trabalho com letras de música, que perdem grande parte de seu significado e valor se desvinculadas da melodia: é difícil apreciar plenamente uma canção de Chico Buarque ou de Caetano Veloso lendo a letra da canção como se fosse um poema, desligada ela da música que é quem lhe dá o verdadeiro sentido e a plena expressividade. Parece óbvio que devem ser priorizados, para as atividades de leitura, os gêneros que mais freqüentemente ou mais necessariamente são lidos, nas práticas sociais, e, para as atividades de produção de texto, os gêneros mais freqüentes ou mais necessários nas práticas sociais de escrita. Estes não coincidem inteiramente com aqueles, já que há gêneros que as pessoas lêem, mas nunca ou raramente escrevem, e há gêneros que as pessoas não só lêem, mas também escrevem. Por exemplo: rótulos de produtos são textos que devemos aprender a ler, mas certamente não precisaremos aprender a escrever. Assim, a adoção de critérios bem fundamentados para selecionar quais gêneros devem ser trabalhados em sala de aula, para a leitura e para a produção de textos, afastará os aspectos negativos que uma invasão excessiva e indiscriminada de gêneros e portadores sem dúvida tem.
- A condução do processo de letramento difere, no caso de se lidar com uma criança de classe mais favorecida ou com uma de classe popular?
- Em sociedades grafocêntricas como a nossa, tanto crianças de camadas favorecidas quanto crianças das camadas populares convivem com a escrita e com práticas de leitura e escrita cotidianamente, ou seja, umas e outras vivem em ambientes de letramento. A diferença é que crianças das camadas favorecidas têm um convívio inegavelmente mais freqüente e mais intenso com material escrito e com práticas de leitura e de escrita do que as crianças das camadas populares, e, o que é mais importante, essas crianças, porque inseridas na cultura dominante, convivem com o material escrito e as práticas que a escola valoriza, usa e quer ver utilizados. Dois aspectos precisam, então, ser considerados: de um lado, a escola deve aprender a valorizar também o material escrito e as práticas de leitura e de escrita com que as crianças das camadas populares convivem; de outro lado, a escola deve dar oportunidade a essas crianças de ter acesso ao material escrito e às práticas da cultura dominante. Da mesma forma, a escola que serve às camadas dominantes deve dar oportunidade às crianças dessas camadas de conhecer e usufruir da cultura popular, tendo acesso ao material escrito e às práticas dessa cultura.
- Como deve ser a preparação do professor para que ele "letre"? Em que esse preparo difere daquele que o professor recebe hoje?
- Entendendo a função do professor, de qualquer nível de escolaridade, da Educação Infantil à educação pós-graduada, como uma função de letramento dos alunos em sua área específica, o professor precisa, em primeiro lugar, ser ele mesmo letrado na sua área de conhecimento: precisa dominar a produção escrita de sua área, as ferramentas de busca de informação em sua área, e ser um bom leitor e um bom produtor de textos na sua área. Isso se refere mais particularmente à formação que o professor deve ter no conteúdo da área de conhecimento que elegeu. Mas é preciso, para completar uma formação que o torne capaz de letrar seus alunos, que conheça o processo de letramento, que reconheça as características e peculiaridades dos gêneros de escrita próprios de sua área de conhecimento. Penso que os cursos de formação de professores, em qualquer área de conhecimento, deveriam centrar seus esforços na formação de bons leitores e bons produtores de texto naquela área, e na formação de indivíduos capazes de formar bons leitores e bons produtores de textos naquela área.

Formação de Leitores Competentes

Nesta era da comunicação e informação, a sociedade não mais permite leituras que objetivem uma
única interpretação, estável e universal, nem mesmo leitores apenas de livros. Pelo contrário, hoje é cada
vez mais necessário que o sujeito seja capaz de compreender as muitas linguagens e múltiplos códigos
que o envolvem como, por exemplo, pintura, cinema, teatro, propaganda, histórias em quadrinhos.
A verdadeira prática de leitura ultrapassa a decodificação de letras ou imagens visuais e a extração
de informações. Ela é um processo em que o leitor é instigado a desenvolver um trabalho ativo que é o de
construção de significados a partir do texto base. Esses significados são elaborados a partir de
conhecimentos já incorporados (o repertório) que fornecem informações sobre o assunto, sobre o tipo de
material que serve de suporte ao texto – jornal, revista, livro, televisão, história em quadrinhos – e sobre
elementos que são próprios da língua.
Durante o ato da leitura somos conduzidos a atribuir significados em sentido amplo ao mundo
e em sentido específico ao texto lido. Podemos dizer que a leitura não se caracteriza por ser um
processo linear, na medida em que é possível realizar diferentes leituras e questionamentos sobre um
mesmo texto. Essa elaboração ativa de significados é feita pelo leitor, e não por um agente externo que
simplesmente realiza perguntas de compreensão sobre o objeto de leitura.
Ao fazer-se leitor, o sujeito tem a possibilidade de compreender a sociedade valendo-se de um
maior alcance intelectual e ampliando sua visão do mundo. Para tanto, a leitura passa, inicialmente,
pela capacidade de reconhecer e decifrar símbolos e sinais, mas vai além, por meio do trabalho mental
que é desencadeado e se torna gradualmente reflexivo por meio de combinações que o sujeito realiza
entre unidades de pensamento. Chega-se, então, a uma etapa mais avançada, que requer do leitor a
capacidade de compreender e dar sentido aos símbolos e sinais, completando a leitura com seu
entendimento, sua interpretação e avaliação, interferindo e ampliando a leitura e descobrindo nela
novos valores.

Quando se tem a clareza de entender que a leitura se constitui numa dimensão fundamental do
domínio da linguagem e da construção do conhecimento, faz-se necessário admitir que a prática que
a escola tradicionalmente vem adotando em nada contribui para a efetivação desses aspectos. Como
conseqüência, os alunos passam pela escola e memorizam informações sobre regras gramaticais,
normas de concordância e, até mesmo, classificam textos de acordo com sua tipologia. O que não
desenvolvem são as competências para se constituírem em leitores.
Ao pensarmos na formação de leitores ativos e competentes, percebemos que essa idéia encontra-
se atrelada à compreensão de leitor não como um sujeito passivo, e sim como alguém que constrói,
concordando ou discordando do autor, sua interpretação numa relação de diálogo íntimo com aquilo
que lê. Um dos caminhos para se chegar a esse nível de autonomia, em que o aluno percebe que o texto
não é a representação absoluta de uma verdade, é expor o aluno a diversos tipos de textos: informativos,
dissertativos, poéticos, publicitários, narrativos, em que se encontram as histórias em quadrinhos. A
partir desse contato com a diversidade, é possível estabelecerem contrapontos, esclarecendo ao aluno
que cada texto tem uma especificidade e propicia uma determinada interpretação do real. É necessário,
também, que ao aluno seja dada a oportunidade de debater, expor suas idéias, argumentar e criticar,
capacitando-o a analisar a construção de um texto, bem como os sentidos a ele atribuídos.

Nessa perspectiva de leitura e leitor, desloca-se a ênfase do aspecto material da língua (gráfico
e sonoro), para a constituição de sentido e para o processo de interação. Contudo, é necessário esclarecer
que, por não se privilegiar na leitura o domínio do sistema gráfico, não quer dizer que qualquer
material possa auxiliar na formação do leitor. Pelo contrário, apenas materiais compostos de bons
argumentos, de conteúdo relevante, podem instrumentalizar o leitor nesse sentido. Formar um leitor
competente é isso: formar alguém capaz de compreender o que lê, de admitir que a um mesmo texto
podem ser atribuídos vários sentidos, de perceber mesmo o que não está escrito e, além disso, de
estabelecer relações com suas leituras anteriores.
Outro aspecto entendido como extremamente relevante na formação do leitor é a influência das
comunidades interpretativas. Em inúmeras situações, percebemos e apreendemos o mundo sob a
influência delas. Articulamos nosso conhecimento, nossas leituras, nossa visão de mundo por meio
de um repertório cultural que, por sua vez, se estrutura inexoravelmente nas comunidades
interpretativas. Dessa forma, conclui-se que o papel da escola, enquanto comunidade interpretativa
específica, constitui um pilar no desenvolvimento e formação de bons leitores.
A escola é responsável por oferecer bons modelos de leitura para o aluno, nunca como um fim
em si mesma, sempre como um instrumento de prática social. Ela é quem fará intervenções constantes
na leitura dos alunos, chamando-os ao esforço intelectual que algumas leituras exigem, à compreensão
das leituras de difícil entendimento ou, simplesmente, ao prazer que elas podem despertar.
Há alguns séculos, os textos escritos eram os únicos aceitos formalmente como passíveis de
leitura, apesar de, nas origens da humanidade, o desenho – portanto um texto visual – ter sido, por
muito tempo, juntamente com a fala, a única forma de comunicação. E, se a leitura apenas de textos
escritos, por algum tempo, foi suficiente como instrumento de comunicação, informação e apreensão
do saber, o mesmo não se pode dizer nos dias atuais, caracterizados como uma era da informação.
Hoje, para estabelecer comunicação, para se informar e interagir com a sociedade, o sujeito deve ser
capaz de ler o mundo e suas múltiplas linguagens, sejam elas escritas, visuais ou sonoras.
Entre todas as linguagens que fazem parte do mundo contemporâneo, iremos abordar uma que
realiza a integração entre a linguagem escrita e a linguagem visual: a das histórias em quadrinhos.
Historicamente, os quadrinhos têm sido tratados pela sociedade como uma subliteratura e,
ainda mais, como uma linguagem nociva ao desenvolvimento psicológico e cognitivo de quem a
consome. Essa visão decorre de argumentos infundados sobre a influência dos quadrinhos tanto na
delinqüência juvenil, como no desinteresse das crianças e jovens pela leitura de livros formais. E qual
é a principal instituição que está por trás desses argumentos? A própria escola, que deveria, a princípio,
ser a maior incentivadora e formadora de leitores.

A SALA DE AULA E O LIVRO

É comum encontrarmos nas bibliotecas escolares coleções diversas sobre literatura infantil à disposição das crianças. Entretanto, será que elas, por livre e espontânea vontade vão até a biblioteca ler esses livros sem que sejam estimuladas a fazer tal tarefa? Será que nós, enquanto classe docente estamos oportunizando a fruição e o prazer pelo gosto da leitura? Ou, estamos aniquilando cada vez mais o potencial de leitores das nossas crianças? Certamente estes não são os únicos questionamentos feitos por docentes das séries iniciais do Ensino Fundamental em relação à literatura infantil.
Podemos perceber que os educadores já estão direcionando diferentes olhares para os textos literários. Não estão mais assumindo a forma de “detentores do saber”, mas estão possibilitando e instigando os alunos a detonarem múltiplas visões perante as leituras, pois “...o professor precisa estar ‘sintonizado’ com as transformações do momento e reorganizar seu próprio conhecimento ou consciência do mundo...”
[7]
Uma dessas mudanças de posição é a leitura “hermenêutica”[8], que possibilita um maior alargamento do texto e segundo ZILBERMAN, “... é a partir daí que se pode falar de leitor crítico.”[9] A posição tomada pelo educador perante a leitura de seus educandos também é imprescindível, já que é ele quem fará o papel mediador e oferecerá os estímulos necessários para estabelecer relações reflexivas dos alunos com o texto apresentado.
Quando o professor possibilita a fruição dos seus alunos, ele está dando reais condições para que estas crianças possam se desenvolver, baseados na liberdade de expressão, independentemente do livro que lhes foi apresentado, pois:

A justificativa que legitima o uso do livro na escola nasce, de um lado, da relação que estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante sua circunstância; e, de outro, do papel transformador que pode exercer dentro do ensino, trazendo-o para a realidade do estudante e não submetendo este último a um ambiente rarefeito do qual foi suprida toda a referência concreta.
[10]
Confirma-se assim, a contribuição da literatura infantil como agente formador dos seres, tornando-a indispensável em nossas salas de aula.

FORMANDO LEITORES...

O avanço reflexivo da sociedade e a tomada de uma postura crítica diante dos fatos fazem com que a literatura infantil seja um dos meios que as crianças necessitam para tornar-se “bons leitores.”
Atualmente, a literatura infantil está sendo contada e trabalhada na maioria das Instituições Escolares, visando explorar seu “Cunho Formativo”, ou seja, possibilitando a fruição dos indivíduos, considerando os fatores psíquico e emotivos como imprescindíveis para o desenvolvimento e a transcedência cognitiva dos seres. Desta forma, sua cognição torna-se cada vez mais apurada e seletiva, exigindo cada vez mais, melhores livros.
Em geral, a literatura aborda a realidade social, exibindo em seus valiosos escritos, os anseios e os desejos momentâneos, variando de contexto para contexto. Esse novo ideal literário possibilita um alargamento de horizontes, já que oportuniza aos indivíduos uma posição crítica perante os problemas por eles percebidos, pois “Ler é atribuir diretamente um sentido a algo escrito, [...] é questionar algo escrito como tal a partir de uma expectativa real; [...] é ler escritos reais, que vão desde um nome de uma placa até um livro, passando por um cartaz, uma embalagem, um jornal, um panfleto, [...] é lendo de verdade, desde o início, que alguém se torna leitor e não aprendendo primeiro a ler.”
[5]
Contudo, essa abertura e alargamento de horizontes varia de acordo com a sensibilidade que cada indivíduo possui frente à literatura, seja ela baseada na ficção ou na realidade. Dependendo da sensibilidade que as crianças possuem diante da literatura infantil, certamente abrem-se inúmeras virtualidades cognitivas do texto, pois como seres singulares, temos reais condições de estarmos interpretando de maneiras diversas os textos literários que nos são apresentados. Essa postura é riquíssima para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, para que elas possam constituir-se cada vez mais como seres humanos reflexivos e críticos.
Diante dos fatos mencionados, evidencia-se claramente que os leitores necessitam estar mantendo um intercâmbio constante entre o texto e o mundo, pois os textos não possuem somente uma resposta, uma única visão. Esta visão única pode ser percebida mais claramente nas fábulas e, portanto, a postura crítico-reflexiva do leitor torna-se imprescindível. Geralmente elas são contadas com o intuito moralizante, pois “... uma fábula parece ser [...] uma narrativa na qual seres irracionais, e algumas vezes inanimados, com a finalidade de dar instrução moral, simulam agir e falar com interesses e paixões humanas.”
[6]
Assim sendo, é interessante lermos fábulas às crianças para que elas possam estar discernindo a índole dos mais diversos personagens que nelas se encontram, já que as fábulas não permitem variações interpretativas. A fábula “A cigarra e a Formiga”, coloca a Cigarra como um personagem que queria se aproveitar do empenho e da preocupação que a formiga tinha para com o seu futuro. Assim, ela cantou durante todo o verão, enquanto a formiga trabalhava. No inverno, voltou-se para a formiga pedindo os alimentos que a mesma reservara para passar os temidos meses de inverno.
Atentando nossos olhares para esse enredo, que busca enfatizar a necessidade de se pensar no futuro, questiono se estes personagens são realmente malévolos? Eles não estariam apenas respeitando a lei da natureza para que pudessem continuar sobrevivendo? Não é justo que cacem? Que tentem se alimentar? É... somente contar a fábula às crianças e mostrar uma só verdade faz com que elas aceitem tudo. Não precisam estar pensando em novas possibilidades, pois já lhes foi apresentada a “verdade” pelo professor. Por isso, ressalvo novamente que a postura crítico-reflexiva é extremamente relevante na formação cognitiva das crianças, e esta deve partir primeiramente do professor, para em seguida, despertar as potencialidades reflexivas dos seus alunos. Assim, a criticidade estará presente nas aulas de literatura, sem que se perca o encanto e o brilho dos contos de fadas e das fábulas..
III - A SALA DE AULA E O LIVRO
É comum encontrarmos nas bibliotecas escolares coleções diversas sobre literatura infantil à disposição das crianças. Entretanto, será que elas, por livre e espontânea vontade vão até a biblioteca ler esses livros sem que sejam estimuladas a fazer tal tarefa? Será que nós, enquanto classe docente estamos oportunizando a fruição e o prazer pelo gosto da leitura? Ou, estamos aniquilando cada vez mais o potencial de leitores das nossas crianças? Certamente estes não são os únicos questionamentos feitos por docentes das séries iniciais do Ensino Fundamental em relação à literatura infantil.
Podemos perceber que os educadores já estão direcionando diferentes olhares para os textos literários. Não estão mais assumindo a forma de “detentores do saber”, mas estão possibilitando e instigando os alunos a detonarem múltiplas visões perante as leituras, pois “...o professor precisa estar ‘sintonizado’ com as transformações do momento e reorganizar seu próprio conhecimento ou consciência do mundo...”
[7]
Uma dessas mudanças de posição é a leitura “hermenêutica”[8], que possibilita um maior alargamento do texto e segundo ZILBERMAN, “... é a partir daí que se pode falar de leitor crítico.”[9] A posição tomada pelo educador perante a leitura de seus educandos também é imprescindível, já que é ele quem fará o papel mediador e oferecerá os estímulos necessários para estabelecer relações reflexivas dos alunos com o texto apresentado.
Quando o professor possibilita a fruição dos seus alunos, ele está dando reais condições para que estas crianças possam se desenvolver, baseados na liberdade de expressão, independentemente do livro que lhes foi apresentado, pois:

A justificativa que legitima o uso do livro na escola nasce, de um lado, da relação que estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante sua circunstância; e, de outro, do papel transformador que pode exercer dentro do ensino, trazendo-o para a realidade do estudante e não submetendo este último a um ambiente rarefeito do qual foi suprida toda a referência concreta.
[10]
Confirma-se assim, a contribuição da literatura infantil como agente formador dos seres, tornando-a indispensável em nossas salas de aula.

A FORMAÇÃO DE ALUNOS LEITORES NAS SÉRIES INICIAIS

A reflexão sobre o ensino da leitura na escola é muito importante nos dias de hoje. Nesta reflexão é primordial analisar os fatores que impedem a formação de sujeitos leitores para que se possa apresentar caminhos de renovação e qualificação na prática pedagógica relativa a leitura. A leitura sempre teve e tem um papel social de grande interferência na sociedade, mas enquanto haver educadores com caráter dominador o processo educacional será sempre excludente. O trabalho de leitura, na escola, tem por objetivo levar o aluno a analise e à compreensão das idéias dos autores e buscar no texto os elementos básicos e os efeitos de sentido. É muito importante que o leitor se envolva, se emocione e adquira uma visão de vários materiais portadores de mensagens presentes na comunidade em que vive, buscando sempre a democracia. Um trabalho de leitura e de formação de leitores precisa abordar tipos diversificados de textos, pois o mundo está em mudança constante e é preciso avançar de acordo com a tecnologia. No âmbito escolar percebemos que os alunos cada vez mais se afastam e desinteressam pela leitura e é aí que se questiona a prática pedagógica, o ensino e o incentivo da leitura em sala de aula e as propostas de ação que podem levar as crianças a se tornarem "Leitores competentes". Investir na formação de leitores é uma tarefa urgente. É preciso a postar que é possível ir muito além da alfabetização e que sujeitos leitores são capazes de olhar reflexivamente a realidade à sua volta, e capazes de fazer a opção de mudá-la de alguma forma.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O letramento inclui a capacidade ...

O letramento inclui a capacidade que temos de nos instruir por meio da leitura e de selecionar, entre muitas informações, aquela que mais nos interessa. A qual professor, então, está reservada a tarefa de preparar os estudantes para isso? Sim, você acertou ao responder que todos são responsáveis. Pesquisa realizada nos Estados Unidos revelou que, num dia normal, 80% do que um adulto lê é não-ficcão: o mapa de ruas da cidade, um guia de turismo, uma revista, a página do jornal que traz o horário do programa de TV favorito, uma enciclopédia, uma receita, a tela do caixa eletrônico do banco.
Ocorre que muitos professores de Língua Portuguesa limitam-se aos relatos de ficção, o que está longe do ideal. "Dá para imaginar o sofrimento da criança que só conhece textos narrativos até a 4a série e, a partir da 5a, se vê diante de material informativo?", pergunta Rosaura Soligo. Segundo ela, o problema é o empurra-empurra que essa questão provoca. Quem leciona Língua Portuguesa atribui o problema ao titular da disciplina em questão — seja ela qual for. Este, por sua vez, acredita que a turma não aprende por uma deficiência na alfabetização.